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DIA MUNDIAL DA ASMA

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DIA MUNDIAL DA ASMA

Maio é o mês da asma.

Difícil falar em comemoração quando a doença mata três pessoas por dia no Brasil.

A abordagem da asma representa 1% dos custos de saúde em países desenvolvidos. Em nosso meio, suponho que dois terços dos custos provêm do mal controle da doença, atendimentos de emergência e hospitalizações. A mortalidade na asma é um filho sem pai, aquele menino com vários problemas que ninguém quer assumir a responsabilidade. Poderia citar alguns pontos-chave envolvidos e envoltos nesse cenário:

Educação de profissionais de saúde: é preciso capacitação contínua sobre asma nos postos de saúde, emergências, UPAs e correlatos. Quantos asmáticos apresentam uma crise no pronto socorro e vão para casa sem medicação adequada, sem orientação. Há muitos anos vemos a mesma prescrição de prednisona e salbutamol. Não há pneumologistas e imunologistas para todos. Todo enfermeiro, médico, fisioterapeuta etc… deveria ter uma boa noção da doença. Noventa e cinco por cento dos asmáticos ficarão bem controlados com medicação simples de corticoide inalatório e broncodilatador.

Escola: precisamos intervir nas escolas, onde a asma prejudica o aprendizado e causa isolamento social. Capacitação de professores de educação física é estratégia barata e acessível. Há anos temos realizado palestras em colégios públicos, com excelente resultado. Esses locais deveriam dispor de medicações de resgate em seu portfólio, com profissionais que reconhecem uma crise e fazem a primeira intervenção. Isso pode salvar vidas.

Farmacoeconomia: 95% dos asmáticos estarão controlados com a combinação disponível no SUS Formoterol + Budesonida. Sem acesso à medicação, procuram o pronto socorro e são internados. Um atendimento no pronto socorro por asma custa em torno de cem reais. Uma internação hospitalar comum, dez a trinta mil reais. Você sabe quanto custa o tratamento com formoterol+budesonida? Um real por dia! Essa conta básica deveria estimular nossos gestores a disponibilizar amplamente o tratamento. Porém não é o que acontece. Atualmente o paciente precisa de um extenso formulário de alto custo, seis vias de receita médica preenchidas à mão, termo de responsabilidade, prova de função pulmonar anual, comprovante de endereço, cartão sus e ficar três horas na fila da farmácia de alto custo, a cada três meses. Lutamos para levar esses medicamentos ao posto de saúde ou farmácia popular em receita simples, fácil e acessível.

Passivismo: asmáticos do Brasil se mostram passivos. Na própria ABRA buscamos incessantemente engajar os pacientes para que façam parte da administração. Devemos nos inspirar em associações formadas por pacientes e para pacientes. Recentemente a Incorporação de medicação para atrofia muscular espinhal foi um ganho que mostrou a força da pressão dos pacientes sobre o Estado.

Publicidade: o brasileiro adora televisão. Programas informativos sobre saúde têm ganho espaço na mídia, ainda aquém da necessidade da doença. Tragédias e novelas parecem dar mais audiência do que asma.

Desanimados por tantos entraves, deixamos de falar sobre poluição ambiental, uso correto da medicação, mofo e ácaros dentro de casa, qualidade do sono etc.

Avançamos muito, o ministério da saúde está revendo os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas de asma, atrasado desde 2013. Temos acesso à beclometasona spray inalatório, ainda subutilizada e menos conhecida do que gostaríamos. A ABRA cresceu, por meios próprios de forma ética e sustentada, respeitando seus valores, impactando milhares de vidas anualmente. Nos últimos meses atingimos 30 000 pessoas por meio das redes sociais e eventos presenciais. Queremos mais para 2019!

Nessa data especial, convido a todos que tirem o assento da cadeira e se mobilizem em prol da asma. Conheça a associação, seus membros e conteúdo produzido de coração (e de pulmão) para todos os asmáticos do Brasil. Falar sobre isso é fundamental, não só em maio, mas o ano todo.

Um abraço,

Dr Franco Martins.

Vice Presidente da ABRA/SP

Referências:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/ATA22515.pdf

http://www.globalasthmareport.org/2014/burden/burden.php

https://www.ersnet.org/images/stories/pdf/asthma.pdf

http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v43n3/pt_1806-3713-jbpneu-43-03-00163.pdf